Os inquéritos foram realizados
via online a 102 pessoas de forma
voluntária. Assim sendo, podemos ter em consideração o tipo de público que foi
inquirido e que questões podemos levantar que possam influenciar direta ou
indiretamente os resultados (literacia digital, tipo de utilizador em ambiente web, interesse no tema, disponibilidade,
fator da sua presença digital nos endereços em que se encontrou presente a
notícia da recolha de inquéritos). Desta forma não podemos deixar de lado a
possibilidade de haver muito mais vítimas de violência no namoro que não têm
acesso à Internet, por exemplo, ou se a maioria das vítimas tem literacia
digital ou não. Estes fatores podem então questionar a veracidade dos
resultados quanto aos números apresentados no estudo. Não podemos de forma
alguma interpretar estes resultados como um resultado global mas sim apenas
como uma amostra relativa de, em 102 pessoas via online, qual o peso em número de vítimas e que atitudes tiveram
perante a situação assim como qual o seu desfecho.
Maioritariamente temos indivíduos dos 18 aos 25 anos. Nenhum inquirido teve idade inferior a 18 anos e por este motivo não temos presente respostas de adolescentes. Duas pessoas entre os 45-60 anos responderam ao questionário. Podemos notar uma descida gradual de número de inquiridos da faixa dos 18-25 á de 30-35 anos. Poderão estes valores espelhar qual a faixa etária mais afetada pela violência no namoro ou, qual a faixa etária mais presente nos meios de divulgação do inquérito?
A esmagadora maioria teve de 1 a 5 parceiros numa relação amorosa. A minoria teve mais de 5 relacionamentos. Perante estes resultados procurei encontrar dados que pudessem confirmar se, em caso de haver um grande número de vítimas de violência no namoro, se as vítimas são indivíduos que contam com um historial de diversos relacionamentos amorosos ou se são indivíduos com menos experiências neste âmbito. Fica a questão se uma vítima de violência no namoro poderá ficar com marcas psicológicas que possam impedir ou dificultar a procura de um novo relacionamento amoroso e confiar num parceiro após a experiência de violência.
A maioria dos inquiridos não foi vítima de violência no namoro, havendo logo desde aqui uma perceção que estamos perante um público possivelmente sem este tipo de experiências. Ainda assim, apenas a uma margem de 8 pessoas em 102. A possibilidade de responder “Talvez” pode aproximar-nos de indivíduos que podem não ter noção exata de até que ponto começa a violência no namoro. Contando aqui com 15 indivíduos (14.7%). Podemos afirmar que, de certa forma, é grave que ¼ dos inquiridos possam de alguma forma não saber se já foram vítimas ou talvez se estejam perante violência na data do questionário. Até que ponto permitem que haja os possíveis atos que ponderam se é violência ou não?
Na seguinte questão os inquiridos poderiam escolher livremente quais os tipos de situação com que já se depararam. Aqui poderíamos obter a forma de violência no namoro mais presente e, ainda que anteriormente pudessem ter afirmado não terem sido vítimas de violência no namoro, aqui poderiam ainda responder. Desta forma poderíamos dar a possibilidade de, alguém que embora ache que não tenha sido vítima, talvez poderia já ter passado por alguma destas situações e poderia assim responder.
No meu ponto de vista, poderia dividir os resultados das respostas em 2 parâmetros diferentes: qual o tipo de violência no namoro mais frequente e consequentemente aquela que mais indivíduos interpretam com mais normalidade passando assim de despercebida á primeira vista e qual aquela que poderá ser mais grave e consequentemente aquela em que os indivíduos se apercebem estar perante um cenário mais claro de violência no namoro em que é urgente que as entidades da autoridade atuem o quanto antes para o bem da integridade física e mental das vitimas.
Dos tipos de violência apresentada no inquérito, a esmagadora maioria afirmou já ter sido vítima de ciúme excessivo (57.8%). A seguir, com 47.1%, o estudo apresenta que um grande número de vítimas sofreu com agressividade verbal. 41.2% afirma que já sofreu com o controlo de telemóvel, contas em redes sociais, mails e outras formas de contatos sociais pelo parceiro. Podemos ter estes três fatores como aqueles mais frequentes e que normalmente passam de despercebidos como forma de violência.
Numa segunda instância, temos a manipulação (37.3%), proibições tal como proibir que a vítima interaja com determinados ciclos sociais (amigos, família, colegas de trabalho, entre outros de um meio próximo ou distante como no caso de “amigos digitais” em redes sociais). Ameaças (26.5%), independentemente de que forma esta se possa expressar (ameaças de bater na vitima; exposição de material íntimo tal como fotografias ou vídeos com teor sexual, ataques pessoais dirigidos à vitima, amigos ou familiares; ameaça de deixar de subsistir à vitima quando à dependência económica, por exemplo; entre outros). Agressividade física com 24.5%, que, correspondendo a 25 indivíduos inquiridos, é grave que seja uma realidade nos dias de hoje. 21 inquiridos (20.6%) sofreram intimidação que também se enquadra nesta fase de controlo mais grave sob a vitima.
Por último, e menos frequente temos a coação sexual (17.6%), a difamação (13.7%), dano a pertences (10.8%).
15 pessoas em 102 responderam não ter sofrido qualquer uma destas formas de violência no namoro. Agora podemos comparar as respostas anteriores a este resultado:
47 (46.1%) disseram que não foram vítimas de violência no namoro mas nesta fase de escolher em que cenários se encontraram, apenas 15 confirmou realmente não ter-se deparado com nenhuma destas situações de violência no namoro. Ou seja, estas formas de violência não são percecionadas como tal. Passam de despercebidas, são vistas como atitudes comuns a todos os relacionamentos – o que é grave! E é preciso alertar que seja ciúmes, controlo de pertences (telemóvel, contas em redes sociais, etc) sejam pequenos exemplos de agressividade (empurrões, por exemplo) são formas de violência e devem ser encarados como tal.
No meu ponto de vista, poderia dividir os resultados das respostas em 2 parâmetros diferentes: qual o tipo de violência no namoro mais frequente e consequentemente aquela que mais indivíduos interpretam com mais normalidade passando assim de despercebida á primeira vista e qual aquela que poderá ser mais grave e consequentemente aquela em que os indivíduos se apercebem estar perante um cenário mais claro de violência no namoro em que é urgente que as entidades da autoridade atuem o quanto antes para o bem da integridade física e mental das vitimas.
Dos tipos de violência apresentada no inquérito, a esmagadora maioria afirmou já ter sido vítima de ciúme excessivo (57.8%). A seguir, com 47.1%, o estudo apresenta que um grande número de vítimas sofreu com agressividade verbal. 41.2% afirma que já sofreu com o controlo de telemóvel, contas em redes sociais, mails e outras formas de contatos sociais pelo parceiro. Podemos ter estes três fatores como aqueles mais frequentes e que normalmente passam de despercebidos como forma de violência.
Numa segunda instância, temos a manipulação (37.3%), proibições tal como proibir que a vítima interaja com determinados ciclos sociais (amigos, família, colegas de trabalho, entre outros de um meio próximo ou distante como no caso de “amigos digitais” em redes sociais). Ameaças (26.5%), independentemente de que forma esta se possa expressar (ameaças de bater na vitima; exposição de material íntimo tal como fotografias ou vídeos com teor sexual, ataques pessoais dirigidos à vitima, amigos ou familiares; ameaça de deixar de subsistir à vitima quando à dependência económica, por exemplo; entre outros). Agressividade física com 24.5%, que, correspondendo a 25 indivíduos inquiridos, é grave que seja uma realidade nos dias de hoje. 21 inquiridos (20.6%) sofreram intimidação que também se enquadra nesta fase de controlo mais grave sob a vitima.
Por último, e menos frequente temos a coação sexual (17.6%), a difamação (13.7%), dano a pertences (10.8%).
15 pessoas em 102 responderam não ter sofrido qualquer uma destas formas de violência no namoro. Agora podemos comparar as respostas anteriores a este resultado:
47 (46.1%) disseram que não foram vítimas de violência no namoro mas nesta fase de escolher em que cenários se encontraram, apenas 15 confirmou realmente não ter-se deparado com nenhuma destas situações de violência no namoro. Ou seja, estas formas de violência não são percecionadas como tal. Passam de despercebidas, são vistas como atitudes comuns a todos os relacionamentos – o que é grave! E é preciso alertar que seja ciúmes, controlo de pertences (telemóvel, contas em redes sociais, etc) sejam pequenos exemplos de agressividade (empurrões, por exemplo) são formas de violência e devem ser encarados como tal.
É ainda deveras curioso que a maioria das vitimas pode solucionar o problema sem a intervenção de qualquer entidade pertinente (40.2%). Podemos ainda verificar que as pessoas recorrem a meios legais da autoridade (policias e advogados) em vez de procurar associações que agem para solucionar estes problemas. Poderemos estar perante uma desacreditação na capacidade de ação destes meios por parte das vitimas?
O que é grave é podermos verificar que 4 dos inquiridos ainda é vitima de violência, sabendo ainda que a maioria se encontra numa faixa etária de jovens adultos.
O que é grave é podermos verificar que 4 dos inquiridos ainda é vitima de violência, sabendo ainda que a maioria se encontra numa faixa etária de jovens adultos.
De 4 a 6 pessoas que recorreram a entidades como associações/organizações ou entidades autoritárias, nesta fase deparamo-nos com 6 que dizem ter solucionado o problema e outras 6 que dizem não ter solucionado.
O que levanta questões como “quais os motivos que possam ter interceptado as vitimas para não ter havido uma solução nesses casos em especifico?”. Desistência das “queixas”? Falhas de comunicação entre a entidade e a vitima? Falhas nos meios de ação das entidades para com a vitima? Fica em aberta esta questão.
O que levanta questões como “quais os motivos que possam ter interceptado as vitimas para não ter havido uma solução nesses casos em especifico?”. Desistência das “queixas”? Falhas de comunicação entre a entidade e a vitima? Falhas nos meios de ação das entidades para com a vitima? Fica em aberta esta questão.
Quase metade daqueles inquiridos que afirmam ter sido vitimas de violência, indicam que já não sofrem de atos desta natureza. Mas ainda assim, por menor que sejam os números, é um alerta que no final do questionário haja 2 pessoas que tem dependência económica do agressor, 2 pessoas que vivem ainda sob ameaças e tem medo, uma pessoa que sofra de chantagem, 3 pessoas com esperança que tudo possa mudar, uma que tem medo de tomar uma atitude com consequências mais graves e 2 que não acreditam na ajuda das organizações/associações que agem em casos de violência.
No fim deste questionário foi deixada a possibilidade dos inquiridos deixarem as suas opiniões sobre o tema, o seu testemunho ou qualquer comentário que gostassem de fazer.
Fiquei bastante surpreendida não só perante alguns dos resultados anteriores do questionário mas também por ler alguns relatos bastante intimistas, com histórias bastante chocantes até.
Deixo aqui alguns dos relatos que considerei mais pertinentes:
“Era o meu primeiro namorado e achava aquilo tudo normal até começar as agressões mais físicas e eu estava apaixonada. Até que apareceu o meu novo namorado que me mostrou como era Amar.”
“Mudei de cidade.”
“Fui agredida física e psicologicamente. Precisei de apoio psicológico durante muito tempo para ultrapassar a situação, pois ganhei medo de sair à rua, até o toque da campainha era o suficiente para ficar aterrorizada. Ainda hoje o meu coração dispara quando recebo chamadas em número privado e tenho pesadelos (cada vez menos frequentes). “
“Quando recorri a PSP com as provas das ameaças e perseguições a resposta que obtive é que não tinha "marcas físicas" logo não havia motivo que justificasse a queixa.”
“O facto de ser namoro muitas vezes não é levado a sério pois a "facilidade" de se por um final na relação é maior do que no casamento / viver junto! Fui vitima não física mas psicológica e andei assim durante quase 5 anos! Tinha a esperança de ele melhorar pelas promessas que me fazia mas se camuflava algumas atitudes deixava transparecer outras!”
Fiquei bastante surpreendida não só perante alguns dos resultados anteriores do questionário mas também por ler alguns relatos bastante intimistas, com histórias bastante chocantes até.
Deixo aqui alguns dos relatos que considerei mais pertinentes:
“Era o meu primeiro namorado e achava aquilo tudo normal até começar as agressões mais físicas e eu estava apaixonada. Até que apareceu o meu novo namorado que me mostrou como era Amar.”
“Mudei de cidade.”
“Fui agredida física e psicologicamente. Precisei de apoio psicológico durante muito tempo para ultrapassar a situação, pois ganhei medo de sair à rua, até o toque da campainha era o suficiente para ficar aterrorizada. Ainda hoje o meu coração dispara quando recebo chamadas em número privado e tenho pesadelos (cada vez menos frequentes). “
“Quando recorri a PSP com as provas das ameaças e perseguições a resposta que obtive é que não tinha "marcas físicas" logo não havia motivo que justificasse a queixa.”
“O facto de ser namoro muitas vezes não é levado a sério pois a "facilidade" de se por um final na relação é maior do que no casamento / viver junto! Fui vitima não física mas psicológica e andei assim durante quase 5 anos! Tinha a esperança de ele melhorar pelas promessas que me fazia mas se camuflava algumas atitudes deixava transparecer outras!”